sábado, 11 de setembro de 2010

Domingo XXIV do Tempo Comum, ano C

Homilia
A alegria do arrependimento

As leituras deste Domingo retomam o tema do arrependimento do pecador e do perdão de Deus. A primeira leitura conta-nos como o Povo de Deus, no deserto, se desviou da Aliança que tinha firmado com o Senhor que o libertou da escravidão do Egipto. A marcha do povo hebreu pelo deserto foi lenta, penosa e cheia de sobressaltos, e, por isso, muitos dos hebreus começaram a duvidar da Palavra de Deus e do seu profeta Moisés. Influenciados e seduzidos pelas religiões dos povos vizinhos, também eles construíram um ídolo, um bezerro de ouro, à semelhança dos deuses egípcios, para lhe prestarem culto. É então que Deus chama Moisés e lhe demonstra a sua indignação: o povo desviou-se do bom caminho; é necessário que se arrependa dos seus desvarios e regresse à fidelidade, à Aliança. O profeta Moisés toma a defesa do seu povo, lembrando ao Senhor a sua misericórdia, a sua bondade, recordando-Lhe a promessa feita aos seus grandes amigos Abraão, Isaac e Israel. A atitude de Deus perante este pedido de clemência é o perdão sem reservas, completamente gratuito. Como diz a leitura, “O Senhor desistiu do mal com que tinha ameaçado o seu povo”. Porque o amor de Deus é muito maior do que a sua ira.

Na segunda leitura, da primeira Carta de São Paulo a Timóteo, o Apóstolo dá o seu próprio testemunho sobre o seu arrependimento e o perdão de Deus. São Paulo, antes de se converter, foi blasfemo e perseguiu os cristãos. Porém, arrependeu-se e recebeu não apenas o perdão das suas faltas mas também a graça divina que transformou o grande pecador num grande mensageiro do Evangelho. Não só foi perdoado como também Deus o chamou a passar de perseguidor a apóstolo! São Paulo afirma: “Eu alcancei misericórdia”.

No Evangelho de hoje Jesus conta três parábolas sobre a bondade e a misericórdia de Deus: a parábola da ovelha perdida, a parábola da dracma perdida e a parábola do filho pródigo. Jesus é censurado por acolher os pecadores, por acolher aqueles que nós consideramos os “maus”; e por isso Jesus vai demonstrar que é precisamente desses que Ele tem que Se aproximar. Como qualquer pastor que tenha perdido uma ovelha, coloca as outras em lugar seguro e aventura-se a ir procurar a que falta; e como a mulher que, ao perder uma moeda em casa, não se ocupa das outras moedas, mas ilumina a casa e limpa tudo até encontrar dracma perdida. Na parábola do filho pródigo, a resposta do Pai tanto em relação ao filho mais velho como em relação ao mais novo, é a mesma: «É preciso fazer festa, porque este filho estava morto e agora vive; estava perdido e foi encontrado». Deus revela-se, em Jesus Cristo, como Pai do amor, da festa, da alegria em acolher e perdoar. Não é o Deus juiz, sempre disposto ao castigo. Não é o Deus vingativo, não é o Deus da cólera contra os homens. Não é o Deus polícia que fiscaliza os gestos do homem. Pelo contrário, é o Deus que nos ama porque é bom. Ele ama-nos porque é bom, mesmo que nós não sejamos bons. É o Deus que não só perdoa, mas se alegra em perdoar. Perdoar é a maior alegria que Deus pode ter, e por isso diz: “Haverá grande alegria no Céu por um só pecador que se converte”. A maior alegria de Deus é perdoar, porque isso significa que recuperou o filho perdido. Ele nunca deixou de amar o filho, mesmo quando ele pecou, fugiu de casa e andou perdido. O Pai de um filho delinquente ama sempre o filho, porque é o filho, e ama-o apesar da sua vida de delinquente: não ama o estado em que o filho vive, mas ama o filho, e por isso quer que ele volte e deixe essa vida. Por isso, ver o filho voltar e perdoar-lhe é a sua maior alegria. É como a alegria de reencontrar a moeda perdida, porque nós somos o tesouro do nosso Criador!

Senhor Jesus, Tu que nos testemunhaste a proximidade de Deus que nos ama como Pai e que vive connosco, ajuda-nos a acolher todos os teus filhos como nossos irmãos. Assim seja.

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